domingo, 9 de agosto de 2009

Crônicas do mundo em crise: Capítulo I

Crônicas do mundo em crise: Capítulo I - Relátorio de atividades mentais do lirico ser em transformação.


O presente ensaio é uma busca ensandecida por respostas, respostas estas que se omitem, que se anulam ou simplesmente inexistem. Por enquanto me aterei ao fato mais tácito e facilmente verificável. Eu sou um adolescente, um jovem homem no turbilhão da pós-modernidade, é realmente, eu sou um homem moderno, iludido por dogmas modernos, englobado por sistemas modernos, escravizado pelo libertário trabalho assalariado moderno, enganado pelo mentiroso compromisso com a "verdade que os convêm" da mídia moderna. Vamos versar sobre essas crises que nós tanto gostamos de acusar e de que tão pouco lutamos para mudar. O homem moderno é uma ilha de projetos, a maioria utópicos, ele vive com o futuro na cabeça e pouca ou nenhuma esperança depositada no dia depois de amanhã, falta esperança!
Falta uma relação estabelecida na verdade, confesso, eu ainda acredito na verdade, talvez por isso eu seja brega, fora de moda, porque eu nasci e cresci sob o signo do relativismo e hoje eu anseio por respostas! Talvez se eu fosse social democrata num país onde o social democrata é a oposição, eu seria um proletário menos burguês passeando no carro do ano, Copacabana entardecer, linda o ano todo, buscando um porque para a brevidade da existência e cuspindo nos miseráveis. No país dos mestiços os filhos da classe média empobrecida, ensandecida que se engalfinha em formigueiros de vinte e tantos outros andares e, quando a lua toca o centro do universo eles deixam seus quartos, antros de perdição, lares profanos para incendiar o que restou da Roma, o que restou dos índios, dos homens, heróis possuidores do asfalto que o INCRA adora fingir que não os vê, que eles não existem! Hitler de certa forma permanece vivo!
Inexisto no seio de minha militância, meu protesto é rechaçado pois não encontro fluência da prisão cotidiana, falo o idioma das metáforas não vos enganais. Eu não engano, jamais vou revelar tudo, talvez seja porque eu manifesto o desejo de ser lido, mas não é tudo que refuto, englobo e sou englobado, por isso, fuja da ideia do pecada que para mim existe, muito mais do que posso viver nessa masmorra de moralidade elevada ao terceiro estágio, eu sou a minha morada. Overdose de nova visão, tentem me deter, tentem me vencer, meu campo é a emoção.

Vamos fazer amor em meio a guerra, amor universal e não amor paradoxal isso não corrobora o pacifismo. Hipócritas desalmados, que lar grande o bastante é este? Exaltam o que de pior o ninho da pobreza fabrica em cima do rejeito, indigesto, qual gesto? Satisfaz a nossa gente já diminuída pelo ódio, pelo menosprezo, pela psicose, pela overdose, por um estigma que se carrega junto ao peito, esvazio minha mente em face de murros inexistentes, quem entende a minha paranóia?
Vamos ensinar! Vamos brincar disto! Meus heróis manuseavam microfones, mas nem todos! Sou fascinado por humildade, acredito em pequenas ações, bairrismo global me representa. Vamos estabelecer uma troca, o melhor de nós mesmos em troca de uma sociedade mais justa! Quem dentre vós é o melhor? Bobagem, não acredito na escala de mensura vertical, se não, não haveria sentido para vislumbrar os horizontes. Eu tenho uma usina de idéias em meu cérebro fabricando pensamentos e de vez em sempre eles se chocam, eles precisam fazer isto, para que eu tenha a sensação de estar vendo outra coisa, as vezes sou injusto comigo mesmo, mas não é premeditado! A vida passa e te leva consigo e o tempo todo acreditamos estar parados enquanto os sortudos vigentes, as elites empoladas regurgitam sobre as camadas mais baixas toda a sua indiferença, mas tudo se move. A inércia é a dimensão exterior na cidade do pecado que move as peças numa frenética ânsia pelo "xeque-mate", você ainda acredita em vítimas? Eu já não penso mais nisso, não qualifico dessa forma, somente nos puros não a premeditação, logo, ausência de culpa, estas palavras já livraram perversos e condenaram inocentes. Isso faz algum sentido para você?
Nem para mim, assassinos vestindo ternos de grife para sempre serem julgados, os responsáveis pelos crimes de guerra na Bósnia, onde estão? 13 anos depois Radovan Karadzic e Ratko Mladic gozam sua liberdade banhada no sangue dos inocentes, talvez Milosevic também desfrutasse desta mesma liberdade se ele não tivesse aparecido morto na cela, porém eles enforcaram Saddam Hussein e bebem o petróleo do oriente. Caçoando da figura patética que Hugo Chávez representa, mas não se esquecem que nos últimos quarenta anos, a América Latina recorre ao comunismo para afogar suas magoas. O imaginário popular do mestiço guerreiro que desbrava as entranhas da América Latina com suas barbas por fazer, seu mercado ilícito e seu sonho de vencer para essa terra espremida entre a pobreza e o hemisfério sul, monolinguista se o Brasil não fosse um país de proporções continentais. Eu não aplaudo assassinos!
O mais longo dia da mentira brasileira, aquele primeiro de Abril de 1964, toda aquela situação que se arrastaria por submissas duas décadas, tudo isso poderia ser mentira, aquela situação desastrosa que deixa todos sem fôlego. Hey tragam um inalador, ventilem os pulmões de Vladimir Herzog, assoprem a vida para o descendente daqueles homens rústicos que bebem vodka por hábito, aqueles homens que derrubaram um czar, uma ordem burguesa, colocaram homens que se importavam com a liberdade, seu simbolo a foice e o martelo foi exportado para "republiquetas" falidas e corruptas ao redor do mundo como uma salvação contra a tirania eurocentrica exportada aos quatro cantos pelo colonialismo. Esses homens brancos, loiros e entroncados que abateram um austríaco que no alto do seu devaneio se coroou o "novo César" e queria mergulhar o mundo no caos e a Europa em um sistema feudal de ordem étnico-racial. Esses homens de olhos azuis e nomes complicados que vivendo no exterior adoram se agrupar em máfias nas docas e pier's, nos portos, camuflando seus produtos ilícitos em meio a carne de peixes nobres e caviar em seus container's velhos. Estes bravos homens que trouxeram Karl Marx para a linguagem comum e o tomaram como um parente e herói, exportaram o socialismo, apoiaram sonhadores e mesquinhos e dividiram o mundo em dois. Aquele jovem jornalista alto e visivelmente vulnerável entrou para a história recente desse país, nunca poderei ler seus pensamentos, mas tenho certeza que ele tinha orgulho de sua descendência russa.
A vida moderna nos convida a tomar posições, somos anarquistas por dever, socialistas por esperança, neo-nazistas por ceticismo e capitalistas por comodidade. Quem pode fugir da política? Arnaldo Jabor disse que ela envenena a alma, quanto mais eu fujo mais a minha alma se afunda nesse lamaçal . Quem é o messias da oposição? Michael Moore? Noam Chomsky? Professores de um ceticismo ideológico cuja a apologia é pelo invisível construtor dessa realidade, o dilacerado operário, a "bucha de canhão" para Zenóbio da Costa. O brasileiro pós-ditadura é um ser egoísta, recluso em sua concha paradigmática que se volta as grandes metrópoles, megalomania do país continental, murros na parede, vejam a tragédia da liberdade, quanta ingenuidade. Al Gore perdeu a eleição e foi dar uma de "bom samaritano", sua resignação ecológica faz me lembrar de um professor que me deu aula na universidade, ele em certos dias da semana ia para a universidade de bicicleta com o intuito de diminuir o impacto ambiental que a descarga de sua "Ranger" que dilacerava as moléculas de oxigênio com o seu gás carbônico infectuoso matava tudo ao seu redor. Talvez eles sejam homens felizes, redimidos do pecado original, verdadeiros escoteiros da academia, Carlos Renato Carola e Al Gore, o pragmatismo uniu seus espíritos.
Os trovadores alimentam um suicídico sentimento libertário, eles veneram a morte, pois antes o martírio é o cotidiano que alimenta o amor platônico pela Dona, a senhorita do algoz, como uma sereia em uma aldeia do Norte de Portugal, seu fado triste e melancólico atraia os aldeões para a sua alcova, o lamento nunca é cessado, assim será ele mais duradouro que minha humilde carcaça. Assim perdurará mais do que esta radiografia de minha produção intelectual, como estrelas pairando no céu, caprichosas! Eu não consigo me decidir entre a certeza da eternidade ou a triste beleza do momento.

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